Graça Foster detalha compra de Pasadena e diz que Petrobras é mais que um investimento

GRACA FOSTER

A presidente da Petrobras, Graça Foster defendeu em audiência no Senado nesta terça-feira (15) a posição adotada pelo Conselho de Administração da Petrobras que aprovou, em 2006, a   compra de 50% da refinaria de Pasadena no Texas, Estados Unidos. Ela frisou que as demandas do mercado petrolífero brasileiro, à época, exigiram da estatal a adoção da medida. Ela explicou que a Petrobras possui mais de mil projetos de investimentos e a história da estatal não pode se reduzir à negociação de Pasadena.

Graça Foster disse que à luz de todas as críticas à negociação feita pela estatal, o empreendimento apresentou resultado positivo no primeiro trimestre de 2014. Ela disse ainda que o teste de impairment (teste de recuperabilidade) reconheceu as perdas de Pasadena (U$ 530 milhões) e, segundo ela, a partir daí, Pasadena apresentou um ativo de qualidade para aquilo que hoje se propõe.

“Temos uma refinaria que opera com segurança. Temos uma refinaria que, do mês de janeiro a março deste ano deu resultado positivo. Porque, além da melhor perfomance operacional, temos o petróleo não convencional, leve, que são de xistos, que chegam à nossa refinaria  com desconto menor. Este petróleo, nesta refinaria, traduz o resultado positivo para essa operação”, avaliou Graça Foster.

A presidente da Petrobras fez questão de esclarecer que a orientação do Conselho Administrativo da Petrobras era a de expandir o refino e a comercialização do petróleo no Brasil e no exterior. Ela observou que o objetivo da compra de Pasadena era capturar grande margem de óleo pesado nos EUA.

A compra dos primeiros 50% de Pasadena, em 2006, custou aos cofres da Petrobras cerca de US$ 360 milhões. No entanto, ela fez questão de esclarecer que, em 2012, um acordo extrajudicial entre a Astra e a Petrobras, obrigou a estatal brasileira a adquirir outros 50% restantes da trading.

Segundo Graça Foster, essa operação levou a companhia a desembolsar US$ 554 milhões com a compra de 100% da PRSI- refinaria; US$ 341 milhões gastos com PRST- Trading e US$ 354 milhões referentes a outros gastos com a aquisição. O valor total da transação girou em torno de US$ 1,25 milhão.

“O negócio originalmente concebido transformou-se em um empreendimento de baixo retorno sobre o capital investido. Entretanto, nos últimos meses, o lucro líquido da refinaria tem sido positivo”, reafirmou.

A presidente da Petrobras explicou que o que levou a essa ação judicial foi a ausência de informações sobre as cláusulas Put Option e Marlim que faziam referência à intenção ou obrigatoriedade de compra de 50% remanescentes. De acordo com Graça Foster, o resumo executivo que serviu de base para a compra da refinaria, não apresentou essas duas cláusulas contratuais.

Para o líder da bancada do PT, deputado Vicentinho (PT-SP) a exposição da presidente da Petrobras “foi muito sincera e ninguém ousou dizer que se tratou de corrupção, a compra da refinaria de Pasadena”. Para ele, as explicações foram consistentes e vão contribuir para que a sociedade debata o assunto.

Para o deputado José Guimarães (PT-CE) o eixo central que a presidenta colocou é que a Petrobras “é uma das empresas que tem melhor saúde financeira do mundo”. Em relação à compra de Pasadena, o petista observou que a compra da refinaria estava prevista no Plano de Negócio da Estatal em 1999. “Esse negócio foi gestado em 1999, no governo do PSDB”. De acordo com Guimarães, para as condições que o País vivia naquele período, a compra da refinaria foi um bom negócio.

 “Dentro das condições, não foi um mau negócio. Pasadena já deu resultado surpreendente. Portanto, precisamos descontruir esse discurso maldoso que só tem um objetivo: enfraquecer a Petrobras para, quem sabe, no futuro, aqueles que torcem contra a empresa venham propor a sua privatização como fizeram no passado”, lembrou Guimarães.

O deputado Fernando Ferro (PT-PE), que também acompanhou a audiência pública, disse que a afirmação feita pela presidente da Petrobras foi feita à luz do cenário mundial atual. De acordo com ele, não dá pra fazer uma avaliação de um negócio feito lá atrás.  “No contexto em que a transação foi realizada não foi um mau negócio. Pelo quadro que chegou a economia hoje seria muita adivinhação a pessoa prever o desdobramento da economia e da indústria do petróleo”. De acordo com Fernando Ferro, não dá pra comparar negócios em conjunturas e tempos diferenciados.
Benildes Rodrigues
Foto: gustavo Bezerra

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