Sociedade civil se posiciona contra golpe e entidades defendem união de forças


Vozes da sociedade civil se levantam contra a farsa do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, tramada pelos opositores contra o projeto político iniciado no governo do ex-presidente Lula. Os inconformados com a derrota eleitoral de 2014 têm sido duramente criticados por entidades dos movimentos sociais, sindicais, estudantis, populares e religiosos do País. Associam-se a elas, reitores, intelectuais, artistas e organismos internacionais.

As manifestações contra o golpe em curso no país tiveram início já em 2015 quando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acolheu a abertura de processo de impedimento contra a presidenta e ganharam força agora, em 2016.

“Pelo que temos como informação do Supremo Tribunal Federal, não há indício de algum ato que possa justificar qualquer denúncia quanto à presidente da República”, declarou o presidente Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis, no ano passado, fazendo coro com os principais bispos da entidade que atualmente se colocam contrários ao golpe em curso.

Documento do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) reforça a posição da CNBB: "Vemos com muita preocupação que o presidente da Câmara tenha acolhido um pedido de impeachment com argumentos frágeis, ambíguos e sem a devida sustentação fática para acusação de crime de responsabilidade contra a presidente da República”.

“Rejeitamos a postura midiática tendenciosa com divulgações editadas dos processos investigativos. Essa prática irrefletida apenas tem promovido dias de aflição e angústia para os brasileiros, além de propagar o ódio e a intolerância com quem pensa de forma diferente sobre a condução dos processos”, diz o manifesto em defesa do Estado democrático de direito lançado pelo grupo Missão na Íntegra, entidade que congrega pastores e líderes em 25 estados brasileiros.

Documento assinado por 41 reitores dos Institutos Federais de Educação enfatiza: "Esse golpe vergonhoso fragiliza os poderes da República e macula a imagem do povo brasileiro".

A Associação Brasileira de Ciência Política divulgou nota na qual pondera: “Embora o instrumento jurídico-político do impeachment faça parte da institucionalidade democrática existente no Brasil, causa perplexidade e preocupação a forma como ele foi aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados", diz o texto.

Também os jornalistas, através da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) se posicionaram contrários ao golpe. “A sociedade brasileira não pode aceitar a injustiça da condenação da presidente da República por políticos que praticaram e praticam os atos que supostamente a presidente cometera. Não há nenhuma comprovação de crime por parte da Presidenta Dilma e impeachment sem base jurídica, motivado por razões oportunistas e revanchistas, é golpe”, diz manifesto da entidade.

“O país vive um Estado policialesco movido por ódio político. Sergio Moro é um juiz que age como promotor. As investigações evidenciam atropelos aos direitos consagrados da privacidade e da presunção de inocência. São prisões midiáticas, condenações prévias, linchamentos públicos, interceptações telefônicas questionáveis e vazamentos de informações seletivas para uma imprensa controlada por cinco famílias que nunca toleraram a ascensão de Lula”, cravou o ator Wagner Moura em artigo.

“Ao percebermos as conquistas democráticas ameaçadas pelo abuso de poder e pela violação dos direitos à privacidade, à livre manifestação e à defesa, combinadas à agressividade e intolerância de alguns, e à indesejada tomada de partido por setores do Poder Judiciário, convocamos os profissionais do livro a se manifestarem em todos os espaços públicos pela resistência ao desrespeito sistemático das regras básicas que garantem a existência de um Estado de direito”, manifestaram em documento o compositor Chico Buarque e outras 2 mil pessoas a favor da democracia brasileira e contra o golpe.

“Golpe, porque Dilma não cometeu nenhum crime de responsabilidade, e não tem nenhuma prova de corrupção em seu nome. O pedido de impeachment é baseado em metas fiscais anteriores, e por isso não é legal ”, diz nota do grupo sambista liderados Teresa Cristina, Rogério Família, Yasmin Alves, entre outros.

“A democracia não pode ser vítima do oportunismo, mas deve ser sustentada pelo poder das ideias e da ética”, afirmou o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.

“....Nos agride que hoje, sem julgamento ou evidência, utilizando-se de vazamentos e uma ofensiva de mídia que já emitiu condenação, tentam demolir imagem e legado, enquanto os esforços são multiplicados por minar a autoridade presidencial e interromper o mandato conferido pelos cidadãos nas urnas”, diz nota emitida pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
Já o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis defende a união de forças contra o golpe: "O cenário de um futuro incerto e inseguro nos traz um novo desafio que obriga-nos a unirmo-nos em torno da defesa do nosso país, garantido que possamos continuar a desenvolver nossas pautas e avançar social e economicamente".

Benildes Rodrigues com Agências
Foto: Divulgação

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