Recuo do Governo golpista sobre MinC não porá fim à luta pela democracia, afirmam artistas


A Comissão de Cultura da Câmara, presidida pelo deputado Chico D’Ângelo (PT-RJ), viveu um momento simbólico nesta terça-feira (24). Ativistas culturais que lotaram o plenário da comissão acompanharam atentos o trompetista Silvério Pontes, que tocou a música de Geraldo Vandré, "Pra não dizer que não falei das flores" e gritaram várias vezes “Fora Temer”. Ali eles ouviram dos debatedores o argumento de que a decisão do governo ilegítimo e golpista de Michel Temer, de recuar na decisão de extinguir o Ministério da Cultura, não fará com que a luta, a ocupação e a resistência aos golpistas refluam.

Para o deputado Chico D’Ângelo, o simbolismo da extinção está mantido. Segundo ele, o recuo do governo temporário é fruto da luta política do setor. “Na verdade, a reversão ocorrida com a volta do MinC só se deu pela mobilização do mundo da cultura, pelas ocupações que ocorreram no país. É uma luta de todos aqueles que defendem a democracia. E essas iniciativas que ocorreram foram fundamentais para que o governo ilegítimo revisse sua posição”, avaliou.

“Esta é a maior mobilização do setor cultural já realizada no país e atinge todos os estados. São ocupações pacíficas, poéticas e afetivas diante de atos policialescos de um governo golpista”, afirmou o representante da Frente Nacional do Teatro, Fernando Yamamoto. Ele também informou que as instituições públicas ligadas ao Ministério da Cultura, nos 26 Estados e no Distrito Federal, foram ocupadas pelo movimento “Ocupa MinC”.

O ator Tonico Pereira não pode participar da audiência mas enviou um vídeo reafirmando a posição da maioria da classe artística que vem se posicionando intensamente contra o ato arbitrário do governo provisório que se alojou ilegitimamente no Palácio do Planalto. “Ele devolveu o ministério que surrupiou. Não recebemos nada, só tivemos de volta o que era nosso”, alfinetou o ator.

O músico Tico Santa Cruz, que também participou da audiência pública, salientou que estava presente na luta em defesa da democracia, mesmo antes de o golpe ter sido concretizado. “Entrei nessa luta para combater a tentativa de destruir nossa democracia”, frisou Tico Santa Cruz, que fez questão de afirmar que a luta é para além das questões que envolvem o MinC.

“É uma luta que envolve todas as outras questões dos trabalhadores. É a subtração do direito das minorias que, na verdade, é maioria, mas tratada como minoria. Temos que usar a força da cultura que tem um coletivo grande e importante para derrubar esse governo que não representa ninguém. Vamos lutar até o fim para derrubar essa gangue de bandidos que se instalou no Congresso Nacional”, criticou.

O mamulengueiro Chico Simões classificou de censura o ato praticado pelo governo golpista de Michel Temer. Para ele, é pratica recorrente de golpistas atacar a cultura. Na sua avaliação, esse setor, historicamente, é censurado e perseguido. O artista assegurou que os ativistas culturais não vão arredar os pés dos espaços públicos ocupados. “Não vamos sair porque ele (Temer) voltou atrás. Voltar atrás seria ele devolver o poder a quem de direito - a presidenta eleita”, disse.

“Temos que restituir a democracia. Sem democracia não tem papo. Sem democracia o MinC seria um ministério de propaganda, aí ele não nos serve”, afirmou Chico Simões.

Benildes Rodrigues

Foto: Antonio Augusto / Câmara dos Deputados

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