Fátima Bezerra vence oligarquia no Rio Grande do Norte com votação histórica para o Senado

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Foto: Site da Senadora

Dona de uma votação expressiva no Rio Grande do Norte (54,84%), a nova senadora do PT, a deputada Fátima Bezerra (PT-RN) realizou um feito histórico nas eleições de 2014: derrotou uma aliança gigantesca, que reuniu 18 partidos. Além de um aparato midiático e financeiro, sua adversária na disputa aliou-se a todos os poderosos da política do RN.  “Ao longo da minha vida pública, esta foi a eleição mais desafiadora. Foi a disputa de caráter mais desigual que eu e meu partido já enfrentamos”, contou. Ao fazer leitura do pleito e adiantar ao PT na Câmara as prioridades do novo mandato, ela enfatizou: “a maioria da população do RN ao me dar essa votação expressiva, 808.055 mil votos, não só me fez sua representante no Senado, mas exerceu um protagonismo de eleger, pela primeira vez, uma mulher de origem popular para representá-los no Senado Federal”. Paraibana de Nova Palmeira, Fátima Bezerra emigrou ainda adolescente para Natal e lá se graduou em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professora da rede pública, presidiu o Sindicato dos Trabalhadores em Educação em duas ocasiões, além de ter contribuído com a fundação do PT e da CUT no estado. Em 2002, foi eleita deputada federal e reeleita em 2006 e 2010. Na Câmara foi relatora da lei do Fundeb e do Plano Nacional de Cultura, além de ter sido uma das idealizadoras do Piso Salarial do Magistério.

Por BENILDES RODRIGUES

Deputada, como se deu a disputa eleitoral em seu estado neste pleito?

No Rio Grande do Norte ainda há uma presença muito forte das oligarquias políticas. Portanto, historicamente, o Senado sempre foi ocupado por representantes desse setor, de políticos de carreira ou daqueles com forte poder econômico.

Dentro desse contexto, o que representa a sua eleição para o Senado?

O protagonismo político que o povo do RN imprimiu à minha vitória,  quebra essa hegemonia, rompe esse ciclo, quebra paradigmas porque pela primeira vez o estado elege uma professora de origem modesta, uma militante política. Portanto, pela primeira vez, vem representar o povo do RN alguém que não é oriundo das oligarquias, que não tem sobrenome tradicional. Vem uma militante política oriunda das lutas sociais, das lutas populares.

Na Câmara a senhora teve uma atuação forte na área educacional. E no Senado? Pretende continuar a mesma trajetória?

No campo político parlamentar coordeno o Núcleo de Educação da nossa bancada. Atuamos na defesa da educação pública e da valorização do magistério. Fui relatora do Fundeb, fui idealizadora do piso salarial do magistério, fui uma das principais articuladoras do Plano Nacional da Educação (PNE) e agora no Senado vou dar continuidade à luta em defesa da Educação tendo como foco a realização das metas do novo PNE.

Em que consistem essas metas?

Quero ajudar a presidenta Dilma, o meu Estado e os municípios  a realizarem as metas do novo PNE que consistem na ampliação e universalização do atendimento escolar, ou seja, significa mais creche, mais escolas técnicas, mais educação em tempo integral, mais expansão do ensino superior entre outros. E, passa também, pela valorização  do magistério. Nós temos o desafio que é o cumprimento da meta 17 que aponta para melhorar o padrão salarial do magistério em um prazo de seis anos e que já começa a contar. Além disso, eu defendo a federalização do piso salarial do magistério porque a maioria dos municípios não terão condições de pagar o piso que lá está.

Além da educação a senhora pretende se envolver com outros temas?

Outra grande prioridade do nosso mandato será a Reforma Política. Eu saio desta disputa eleitoral mais convencida de que a Reforma Política é essencial para que a gente possa ter um processo político eleitoral no Brasil transparente, democrático, menos desigual. Para isso, não tem outra receita, a não ser a Reforma Política com financiamento público de campanha. O Brasil precisa de uma reforma que avance no sentido de que tenhamos mais instrumentos para combater a corrupção, a impunidade, porque, afinal de contas, o que a sociedade brasileira deseja é isso, uma reforma que oxigene esse processo eleitoral que está aí  e o financiamento público para acabar com a interferência do poder econômico nas eleições e, consequentemente, mais ética, mais democracia. Que se ampliem os espaços de participação da sociedade, que incentive a participação das mulheres e da juventude. Portanto, em sintonia com o meu partido, a educação e a Reforma Política são as principais prioridades da nossa atuação no Senado.

Existem outras plataformas que a senhora pretende se empenhar?

Sim. De um lado existe o meu compromisso com a educação, mas  quero também me empenhar no debate da saúde e da segurança. São debates que passam por mais financiamento e são temas que requerem uma ponte entre o governo da presidenta Dilma e os governos estaduais, no caso específico, o governo do Rio Grande do Norte,  levando ações e verbas para que possamos ter,  nos estados, um atendimento de qualidade no campo da saúde assim como no campo da segurança. Dentro do Senado vamos retomar o debate sobre os 10%  da receita da União para a saúde, bem como a questão da receita para a segurança pública.

Deputada, há uma relação entre algumas reformas que se encontram em debate no Congresso com a aprovação da Reforma Política?

Sim. Existem as reformas igualmente importantes que precisam ser feitas como a Reforma Tributária, a Reforma Federativa (pacto federativo), assim como a democratização dos meios de comunicação e a Reforma Urbana, entre outras. Entretanto, nenhuma dessas reformas prosperará se a gente não realizar a Reforma Política pra valer. Quero estar ao lado da bancada do PT para que possamos avançar nessa direção. A política para nós do PT não é um instrumento de promoção pessoal. Política pra nós não um balcão de negócio. Política para nós é um instrumento para realizar sonhos e para defender as causas que acreditamos com vistas à construção de uma sociedade mais justa e fraterna.


Publicado originalmente no site PT na Câmara

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