Fenaj aponta omissão da imprensa com a Reforma Política e defende mecanismo para coibir corrupção
A luta do PT em defesa da Reforma Política conta também com o
apoio da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), uma das principais
representantes da classe jornalística do país. Para o presidente da Fenaj,
Celso Schröder, a Reforma Política se constitui em um dos mecanismos
fundamentais para a transparência nas relações entre agentes públicos e
privados e para que se evite a “promiscuidade”, que compromete a ética nas
relações entre estes entes.
Para o dirigente, os fatos que permeiam a política brasileira
revelam que o Brasil está vivendo um momento ímpar da sua história. As ações de
investigação da Polícia Federal na Operação Lava Jato, que prenderam executivos
de estatais e de empreiteiras, é um dos exemplos que demonstram a necessidade de
se reformar o modelo político brasileiro.
“É fundamental uma legislação que exija e garanta que os
atores públicos e privados tenham
compromisso e obrigação com transparência e que essa relação que tem se
mostrado promíscua se acabe”, reafirmou.
“O Poder Executivo
está dando uma sinalização importante de que vai até as últimas consequências
com as investigações (Lava Jato) em curso que, a meu ver, significam o começo
da Reforma Política que o País precisa”, analisou o presidente da Fenaj.
Omissão - Em relação aos motivos que levam a
imprensa brasileira a não se posicionar sobre a Reforma Política, Celso
Schröder afirmou que nos últimos anos, a “grande” imprensa brasileira tem se
comportado como um “verdadeiro partido político” e “desconstrutora” desses
espaços. De acordo com ele, além de negar a dimensão da política, setores da
imprensa têm alimentado rancores e reforçado uma opinião pública contrária à
atividade política.
“Isso é um desserviço. A imprensa tem que atuar como
fiscalizadora da atividade política e esta não é privativa de atividades
parlamentares. A imprensa não tem conseguido se afastar dessa dimensão
partidária e, com isso, acaba comprometendo de alguma maneira sua credibilidade”.
De acordo com Schröder, a imprensa brasileira poderia e
deveria cumprir um papel decisivo nesse novo momento do país, aonde a reforma
das instituições políticas se faz necessária.
“Por que ela não faz isso? Primeiro porque se comporta como
um partido político. Segundo, porque ela não tem interesse e como o marco
regulatório desse setor inexiste, há também uma relação econômica promíscua,
aonde a imprensa, com raras exceções, tem interesse nas atividades econômicas
de outros setores. Com isso, ela se imiscui, mas acaba se resguardando para não
se envolver nos processos de investigações”, salientou.
Os deputados e jornalistas Paulo Pimenta (PT-RS) e Emiliano
José (PT-BA) também avaliaram a importância da Reforma Política como instrumento
de transparência nas relações institucionais.
“O Brasil tem um parlamento frágil que na maioria das vezes
se mostra refém dos grandes grupos de comunicação e dos grandes grupos
econômicos. Os veículos de comunicação, por exemplo, são interessados em um
parlamento fraco porque fica mais fácil
desconstituir as lideranças e torná-las refém dos seus interesses. A Reforma Política
reduziria isso e levaria mais transparência nessa relação”, constatou Paulo
Pimenta. “A mídia não contribui com esse debate porque ela comunga com o
financiamento privado de campanha”, afirmou Pimenta.
Para o deputado Emiliano José, problemas como os verificados
na operação Lava Jato da PF não cessarão se a sociedade não se apropriar do
debate da Reforma Política.
“Não haverá solução de problemas como esse caso não haja uma
Reforma Política que fortaleça os partidos, que garanta financiamento público
de campanha e que dê um basta no financiamento empresarial porque esse é o
câncer da vida política brasileira”, avaliou Emiliano.
Para ele, a imprensa brasileira se alinha com as forças mais
conservadoras do país. “Ela se mostra contrária ao projeto político em curso no
Brasil e usará de todas as artimanhas para tentar desgastar esse projeto em
andamento e criminalizar a política no Brasil”, lamentou.
Indignação - Celso Schröder conclama os
jornalistas brasileiros a indignarem-se, não só do ponto de vista da corrupção
e dos corruptores, mas também do ponto de vista da interferência e envolvimento
na disputa política, o que, na avaliação dele, compromete a qualidade do
produto jornalístico.
“Se fizermos isso, vamos impor ao jornalismo e às
grandes redações mecanismos de desconstituir
a partidarização com o qual parte da
mídia brasileira se apresentou nas últimas eleições, que eu acho um grande erro
e que vai ter um custo alto sobre a
credibilidade jornalística. Caberá a nós jornalistas reverter esse quadro”, alertou
Schröder.
Benildes Rodrigues
texto publicado no jornal PT na Câmara - Especial Reforma Politica
Muito boa matéria, Benildes.
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