HSBC: Pimenta denuncia estratégia de autodefesa de “barões” da mídia

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O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), pioneiro em tornar público o “Caso HSBC”, ocupou a tribuna da Câmara na segunda-feira (16) para denunciar a “estratégia de autodefesa” de grupos de comunicação do Brasil, cujos proprietários aparecem na lista de instituições com contas secretas na filial suíça do banco. Como parte dessa estratégia, Pimenta contou que o jornal O Globo estampou nas suas páginas, no último sábado, que “barões da mídia, boa parte dos proprietários dos meios de comunicação no Brasil, fazem parte desta lista de 8.867 nomes”.

De acordo com o deputado, entre esses nomes, além de empresários ligados às Organizações Globo, estão pessoas ligadas ao Grupo Folha (proprietário da UOL), à Rede Bandeirantes, ao Grupo CBS, ao jornal Gazeta Mercantil e ao Grupo Manchete.

“Em uma estratégia de autodefesa, na iminência de serem denunciados, inclusive, pela maneira seletiva como a investigação vinha sendo conduzida, porque tudo isso viria a público no momento em que chegassem ao Brasil as informações oficiais, anteciparam-se e disseram: Nós tivemos conta lá, na Suíça”, criticou Paulo Pimenta.

No entanto, o parlamentar frisou que, ao mesmo tempo em que reconhecem a participação, todos dizem: “Não sabemos como essas contas existiam. Os responsáveis por essas contas não estão mais aqui, muitos, inclusive, já morreram”, denunciou.

De acordo com o deputado, essa medida tomada pelo conglomerado de comunicação liderado pela UOL e O Globo ocorreu pouco depois que foi anunciada a tratativa entre os Governos brasileiro e francês para que o Brasil receba a totalidade de nomes dos brasileiros que constam na lista de contas secretas do HSBC.

Conta-gotas - O anúncio em conta-gotas feito pelo jornalista Fernando Rodrigues do portal UOL (Grupo Folha) levou autoridades brasileiras a buscarem informações sobre o conjunto de contas secretas, não só os 342 nomes divulgados. De acordo com Paulo Pimenta, o articulista da Folha foi o único jornalista brasileiro a receber a documentação completa fornecida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos The International Consortium of Investigative Journalist  (ICIJ, sigla em inglês), consórcio do qual faz parte.

O ICIJ assumiu a responsabilidade de identificar em 203 países quem são os detentores dessas contas.

“Por que razão aqueles que detêm essas informações no Brasil forneceram somente 342 nomes? Qual o critério utilizado para que esses 342 nomes fossem escolhidos?”, questionou. De acordo com o deputado, esses questionamentos redundaram em ação efetiva junto aos órgãos do governo para começar a elucidar o caso.

“Não obrigatoriamente, quem tem uma conta na Suíça, tem uma conta ilegal, mas é preciso que cada país faça uma investigação para que, de fato, nós possamos saber a respeito destas contas secretas”, argumentou Pimenta.  O petista informou que as contas dos mais de oito mil brasileiros no HSBC representam mais de 20 bilhões de reais na Suíça.

Coincidência - De acordo com Paulo Pimenta, documentos revelados pelo ex-funcionário do HSBC mostram que a maioria dessas contas, “coincidentemente”, foram abertas de 1997 a 2001. Pimenta lembrou que esse foi o período em que ocorreram as grandes privatizações, tanto no âmbito federal quanto no âmbito estadual. E, segundo ele, alguns nomes que têm surgido já são nomes ligados a esses episódios.

“Eu tenho certeza de que, na medida em que nós avançarmos nessa investigação, o Brasil terá oportunidade de conhecer detalhes de fatos até hoje nunca esclarecidos, que envolveram grandes episódios de corrupção, que envolveram a privatização de grandes companhias energéticas e telefônicas”, salientou.

Benildes Rodrigues
Texto publicado originalmene no site PT na Câmara

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