Depoimento de ex-mulher de Cachoeira sugere ligação com organização

O depoimento de Andréia Aprígio, ex-mulher do contraventor Carlos Cachoeira à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações de agentes públicos e privados com a organização criminosa liderada pelo contraventor, levou o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), a afirmar que o vínculo dela com o bicheiro vai além de relação familiar.

Andréia Aprígio compareceu à comissão nesta terça-feira (8) munida de Habeas Corpus (HC) que lhe deu o direito de ficar calada. No entanto, ela fez uma exposição inicial e, ao ser questionada pelos membros da CPMI, usou a prerrogativa constitucional de permanecer em silêncio. O presidente do colegiado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) transformou a sessão em secreta, para preservar a testemunha e deixá-la "mais a vontade".

Em sua narrativa inicial Andréia Aprígio disse que apenas matérias jornalísticas "mal apuradas" motivaram sua convocação. Ela disse ainda que as acusações contra ela não procedem e que o patrimônio em seu nome é fruto de partilha de bens após separação de Cachoeira e, fruto do seu trabalho como engenheira.

Andréia afirmou ainda que o crescimento de seu patrimônio é compatível com sua renda e que possui uma construtora e uma indústria farmacêutica, herdadas após a separação. Entretanto, ela não respondeu sobre os dados da declaração de renda que mostram dívidas com Carlos Cachoeira, de R$ 1,9 milhão, em 2010; nem sobre empréstimos tomados de Cachoeira após a separação. Também não se manifestou sobre a transferência de R$ 5,3 milhões em bens feita por Adriano Aprígio em sua conta. Odair Cunha afirmou que, segundo Polícia Federal, os R$ 5,3 milhões pertenceriam a Carlos Cachoeira.

“Ficou evidente que os vínculos dela com o contraventor não são só familiares à medida em que ela se nega a responder porque recebeu do seu ex-marido mais de R$ 2 milhões a titulo de empréstimo e porque esse empréstimo não foi pago. Isso evidencia os vínculos comerciais de Andréia Aprígio com Carlos Cachoeira” afirmou o relator.

Além da transferência de recursos, explicou Odair, a ex-mulher mantém cartão de crédito conjunto com Cachoeira, mesmo após a separação. De acordo com ele, essas são evidências “contundentes” que levaram Andréia Aprígio à CPMI como testemunha e, agora, a transforma em investigada. Para o relator, a tese e a investigação indicam que Cachoeira “usa” Andreia Aprígio para ocultar bens dele.

O contador – O segundo depoente do dia, foi o contador Rubmaier Ferreira de Carvalho. Segundo a PF, ele era o contador da organização criminosa liderada por Carlos Cachoeira. Em seu depoimento Rubmaier Carvalho disse nunca prestou serviço às empresas Alberto & Pantoja e Adécio & Rafael Construção e Terraplenagem consideradas “laranja”.

Odair Cunha classificou as declarações de “contraditórias e intrigantes”. Segunda ele, o depoimento reforça a necessidade de continuidade nas investigações. ”Essas empresas laranja me parece que, além de serem laranja, têm contadores fantasmas”, afirmou o relator.
Benildes Rodrigues

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