Instituto Lula vai estabelecer novas formas de se fazer cooperação

 Por Benildes Rodrigues

JFilippi D 2O Instituto Lula, que leva o mesmo nome do seu criador, o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi oficializado no último dia 15 de agosto. De acordo com o seu estatuto social, será uma entidade suprapartidária, sem fins lucrativos, independente de estados, partidos políticos ou organizações religiosas e será mantido com recurso do setor privado. Entre os 38 associados estão os deputados paulista da bancada do PT na Câmara, José De Filippi, Devanir Ribeiro e Arlindo Chinaglia.

De Filippi, ex-prefeito de Diadema, tesoureiro da campanha vitoriosa de Dilma Rousseff, vai dirigir a instituição juntamente com ex-presidente Lula; Paulo Okamoto; os ex-ministros Luiz Dulci e Paulo Vanucchi; e a assessora do ex-presidente, Clara Ant. Em entrevista ao Informes, De Fillippi fala do processo que culminou na criação do instituto e os desafios da nova empreitada. Para ele, o Instituto Lula "é histórico para o país e estabelece novas formas de se fazer cooperação".

Informes - Deputado, em 1990, o ex-presidente Lula criou o Instituto Cidadania que tinha como tarefa fomentar o debate e formular políticas públicas para contribuir com o fortalecimento do país. O Instituto Lula vem para substituir o Instituto Cidadania ou ele tem outro propósito?

Filippi - É uma continuidade. O Instituto Cidadania, além do caráter fiscalizador, promoveu a Caravana da Cidadania que levou Lula a conhecer a realidade do povo brasileiro. O debate da política energética, de habitação, segurança pública, segurança alimentar foi aprofundado nesse espaço. O ex-presidente Lula teve, no Instituto Cidadania, uma alta fonte de conhecimento que o ajudou a se capacitar e se eleger presidente da República. Como reconhecimento do trabalho desenvolvido, Lula foi consagrado o melhor presidente da história deste país.

Informes - De que forma essa experiência exitosa de governo pode ser aproveitado no novo Instituto? Qual será o eixo de atuação?

Filippi - O Instituto Lula é histórico para o país porque estabelece novos paradigmas de se fazer cooperação. Nesta primeira fase, foram definidos dois eixos. O primeiro deles é promover a cooperação do Brasil com países na África e da América Latina, na formulação de políticas públicas, a partir dos modelos bem sucedidos implementados no governo do ex-presidente Lula. O segundo é a criação do Memorial da Democracia que contará com o acervo da trajetória dos oito anos do governo de Lula e, contará também a história de lutas sociais que ocorreram no País.

Informes - Em relação ao primeiro eixo, em que área será aplicada a política de cooperação?

Filippi - Na África, por exemplo, estamos pensando em como estruturar e aperfeiçoar a agricultura desse continente. A África já teve momento de sua história em que foi autossuficiente em produção de alimentos. A questão dessa região é sobretudo política. É preciso resgatar a capacidade dos africanos para que possam assumir o destino do seu país, da sua região. Além disso, estamos pensando em projetos de combate à fome, de geração de emprego e renda, estudo da matriz energética, entre outros. Tem que ser uma cooperação sem receitas ou cartilhas. É preciso desenvolver políticas onde os atores principais são os atores locais. Esse tipo de conceito vai estar presente nos projetos que vamos desenvolver.

Informes - Quais países africanos farão parte da primeira etapa desse trabalho?

Filippi - Pretendemos trabalhar com países da língua portuguesa como Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, etc. O governo Lula investiu na parceria com esses países. O exemplo é a presença da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na África. A Embrapa leva tecnologia, auxilia na pesquisa e produção de alimentos. Essas iniciativas precisam ser reforçadas e ampliadas.
Informes- O que foi pensado para América Latina?

Filippi - A primeira ponte ligando a Bolívia, a Guiana, o Peru ao Brasil foi construído no governo Lula. Existia certo distanciamento dos países da América Latina. O ex-presidente Lula tem dito que agora que não é mais Chefe de Estado, está mais a vontade para conversar abertamente com lideranças e presidentes de países como Uruguai, Chile, México, por exemplo, para buscar maior integração e cooperação entre essas regiões.

Informes - E no Brasil? O Instituto pretende atuar de que forma?

Filippi - Na primeira reunião que tivemos alguns conselheiros colocaram essa preocupação e, ao mesmo tempo, a necessidade de acrescentarmos outros eixos de trabalho. A presidenta Dilma está fazendo um excelente trabalho e as pesquisam confirmam isso. É um governo de continuidade. Temos que tomar certo cuidado para que o Instituto Lula não seja tachado de governo paralelo. Se houver temas estratégicos, estruturantes e necessários, como a Reforma Tributária, o instituto pode exercer papel de fomentar esse debate.

Informes - Em relação a custeio dos projetos de cooperação. Como será feita a captação de recurso para financiar esses projetos?

Filippi - Para todos os projetos vamos elaborar um orçamento com custos, doações e financiamentos. A partir dai vamos buscar as parcerias que podem ser com agência ou organismo internacional, como a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), por exemplo. É importante frisar que todos os projetos vão ter uma fonte de financiamento e será amplamente divulgado.

Informes - O senhor é considerado uma pessoa histórica no PT. Como o senhor recebeu o convite para ser sócio-fundador e diretor do Instituto Lula?

Filippi - Tenho muita honra e muito orgulho de ter sido convidado. Eu não estou lá só por mérito meu. Quero dedicar a toda minha equipe. Quero estar lá junto com Devanir e Chinaglia representando a bancada. Quero dizer aos meus companheiros que vou estar lá fazendo a ponte entre o Instituto, o Congresso Nacional e o PT. Estou à disposição tanto para levar ao Instituto as questões da bancada como trazer questões fundamentais que o presidente Lula acreditar necessário. Coloco-me como uma possibilidade de ser essa ponte e fazer fluir políticas, informações e sentimentos entre a bancada e o Instituto e, vice-versa.

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