Mudança estatutária vai estabelecer novo marco no PT, diz Berzoini

 
ricardo_berzoini_biografiaO Partido dos Trabalhadores, num período de três meses, acolheu diversas propostas para a reformulação do seu estatuto. As alterações passarão pelo crivo de centenas de delegados que vão se reunir dos dias 2 a 4 de setembro, no 4º Congresso do partido, em Brasília.

Para o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), ex-presidente nacional do PT e coordenador da comissão que elaborou o anteprojeto de reforma estatutária, a finalidade do debate é aprofundar a democracia interna e estimular a participação da militância. Leia, abaixo, a íntegra da entrevista.

Informes - O texto da reforma estatutária apresenta propostas de alterações em relação a eleições internas, finanças, filiações, eleições gerais, ética e disciplina, entre outros. O senhor acredita que essas propostas podem trazer mudanças estruturais na vida do Partido dos Trabalhadores?

Berzoini - Creio que sim. É um novo marco. O estatuto reflete uma concepção partidária e um pacto interno de funcionamento democrático. Um dos objetivos de qualquer partido de esquerda é ter um partido vivo com participação dos seus filiados. A finalidade dessa discussão é estimular a participação, a construção partidária e fazer com que o PT seja um partido que possa sempre representar uma coletividade mobilizada e politizada.

Informes - Algumas dessas propostas podem tencionar o debate?

Berzoini - O debate do estatuto é um debate forte. Esse debate reflete a concepção e a prática partidária. Não tem um clima de disputa acirrada no PT. Por ser um tema forte, às vezes, as pessoas têm opiniões distintas sobre determinados assuntos.

Informes - Por exemplo?

Berzoini - Há uma discussão sobre a sustentação financeira do partido. Essa proposta define quem deve contribuir, de que forma e como essa contribuição deve ser apreciada para fins de direito de votar e ser votado. Para esse tema, as propostas vão desde a isenção para filiado comum e contribuição financeira para os detentores de responsabilidades executivas ou legislativas do partido, até proposta que prevê uma contribuição semestral.

Informes - E em relação às prévias? A mídia quis pautar a sociedade e o partido dizendo que havia uma divisão dentro do PT sobre essa questão. Como a comissão conduziu essa discussão?

Berzoini - É um debate presente e não acho que a mídia tenha inventado. É óbvio que a ótica da mídia é sempre no sentido de dizer que o PT está rachando. É um viés simplificador que empobrece os meios de comunicação, mas é um direito deles. Eu acho que a discussão sobre prévias reflete visões diferenciadas sobre democracia.

Informes - Em que consistem essas diferenças?

Berzoini - Existem aqueles que entendem que prévia deve ser um instrumento de debate público e disputa interna e acreditam que isso ajuda a democracia. Outros entendem que a prévia deve ser um processo para ser realizada somente após um amplo debate interno sobre a conveniência de se fazer uma eleição interna, de candidatura, antes de uma eleição geral.

Informes - Como as diferenças expressas nesses temas serão resolvidas?

Berzoini - Acredito que as posições estão sendo defendidas com autenticidade pelos seus proponentes. São visões diferentes, legítimas e sinceras de todos que estão debatendo. Obviamente que, no processo de embate, vamos ter deliberações com muita reflexão e debate interno. O importante é que todos saibam, na hora de deliberar, qual é o melhor caminho para o partido.
Benildes Rodrigues

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